quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Portadores das Virtudes

Num lugar muito distante daqui,
Havia criaturas cujos hábitos eram docemente estranhos.
Cuidavam de suas vidas e assistiam os outros,
Tinham cuidado com sua fala e por isso suas cordas vocais eram um tanto atrofiadas.
(No entanto, sabiam falar e quando o faziam era por propósito relevante.)
Tratavam de seus ouvidos com carinho e esmero,
E até embaixo d'água buscavam usar a audição com sabedoria,
Ouviam o mar, as conchas e o sussurros dos peixes.
Esses cidadãos além-Terra nunca entraram em contato conosco,
Embora nos ouvissem em alto e bom som,
(Ou melhor, embora ouvissem a Terra em alto e bom som.)
Talvez porque mesmo as virtudes necessitem de meio propício para se propagar.
Pois, embora a boca dos que (pouco) falavam estivesse bem preparada,
O mesmo não se poderia dizer dos ouvidos dos (pouco) ouvintes daqui.
Por esse motivo, resolveram calar e não se pronunciar sobre nossa situação.
Ah, esses portadores das virtudes!
Habitantes d'outro lugar,
Descobriram que sabedoria e silêncio, sob certas circunstâncias, igualam-se.
E por isso gozam de paz incomparável...

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