quarta-feira, 23 de março de 2011

Sobriedade, Sombriedade

Todos esses momentos,
Instantes de reflexão,
São instantes de sobriedade,
Em que me liberto da embriaguês de viver.

terça-feira, 22 de março de 2011

Jogos da Memória

Se tu choras nesse canto,
É que o canto
Já lhe trouxe o pranto,
E um tanto
De lamentação.
 
Se tu espias, esguia,
Num canto,
É que o manto 
Encobriu um tanto,
Do corpo que tu querias.
 
Se tu falas, calas
A voz do coração,
E em ti embalas,
O bolero da razão;
(Triste sina de desolação).

Se tu aceitas, suspeitas
Que logo voltarão...
Os Beijos e Abraços
Aguardam-te, todos,
Na ante-sala da solidão.

sábado, 12 de março de 2011

Menino do Rio

Nininho, foi tu quem falou,
Que naquela beira de rio,
Tinha uma moça, que ia,
E que vinha, à procura de Senhor?

De certo que fora tu,
Brejeiro, maneiro;
Menino do rio,
Menino de mar,
Lá de São Salvador.

Nada deixa escapar à rede,
Quem dirá ao olho!
Vai dizer à moça,
Que Senhor aqui não vive mais.

Não exita, eis que ela é faceira!
E se bem conheço, vai voltar.
Ah, se tu conta que aqui vou tá!
Nininho, não há maneira,
Te pego aqui ou acolá!

Joga a tarrafa e vai à luta, guri!
Vai ver que na vida há que caçar,
(Pra viver),
E que há de escapar,
(Pra sobreviver).

quarta-feira, 2 de março de 2011

Dança Noturna

Desabotoa-me,
Embaraça-me,
E entrelaça teu viço no meu até vingar.

Encoste-se,
Grude-se,
Roçe na terra que esse corpo já te faz brotar.

Mova-me,
Traga-me,
Pulse como a artéria que agora se lhe faz cortar.

Encanta-me,
Acolhe-me,
No beijo salgado-doce do rio-mar.

Inunde-se,
Incorpore-se,
Na balé sublime de dois corpos ao luar.

E saiba,
Que quanto mais leve o corpo,
Mais leve o levitar.