segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Perfeccionimos

Ah, se meus vícios fossem todos controláveis...
Se minha paciência fosse água de moinho a renovar-se todo instante,
Se meus sonhos tivessem a duração dos dias que passo a refletir,
(Em meio a todas nuvens do céu e a ouvir o sussurro de todas as aves;
minhas companheiras e amigas).
Ah, se eu pudesse esperar pelo tempo na esquina da vida,
(Sem o grão do arrependimento do entardecer, 
que a todos os dias ceifa um pouco de nossas forças).
Ah, se o mundo não fosse tal qual eu mesmo:
Louco, ensandecido, ingrato, inebriante...
Ah, sim! Como o azul pareceria mais azul e o vento mais suave!
Claro que sim! Os dias e as noites não se acabariam como o hoje.
E tudo pareceria, ainda assim: esplendoroso, belo,
Fadigado e monótono,
(Como testemunham os próprios anjos do céu).

Momento incomum

Eu disse a ele (que me achou O ESTRANHO): "não sou o único ESTRANHO por aqui! Nem sou também o único fulano que acha que há algo de mais fundamental perdido em meio a todo esse azul terrestre."

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Memento Mori

Andei pensando recentemente sobre a morte. Que personagem curioso essa figura, não?! Uns enxergam no obituário o leito do sofrimento (ou do gozo) eterno, desfrutado no paraíso ou no inferno; já outros, veem nela o último poema que se escreve ao mundo, a última carta de amor que se faz ao esplendor da vida, e que se parte para um "sei lá onde". Por fim, há também os loucos, cuja única ideia que trazem consigo sobre a morte é a de que ela nada mais pode ser, senão a continuação de uma linha completamente emaranhada, sem começo, meio e fim; mas passando por duas descontinuidades: a vida e a morte. Pessoalmente, fico com a última, com meu gosto próprio por insanidades razoáveis.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Pontuação

Um ponto de vista,
Dois pontos focais,
Múltiplos pontos de referência.
Um ser humano:
E três pontos...

A Última Flor do Lácio

Um objeto direto pré-posicionado,
Uma prosopopeia desfigurada,
Uma aliteração meio dissonante,
(difusa e desconexa),
Uma metonímia literal.
Ah, minha querida Língua Portuguesa!
Somente com tuas pás e enxadas poderia fazer-me assim:
Objetivo, diretivo, prosopopeico, desfigurado,
Aliterado, dissonante, metonímico...
Literalmente, eu.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Móveis Etiquetados

Se queres te libertar,
Não atira teus móveis janela abaixo;
Eles são teus,
E apenas teus!!!!
(Não pelo valor monetário, mas sim pela identidade!)
Se te queres,
Encontra-te em cada canto da casa:
Em cada estante,
Em cada xícara,
Em cada prato...
Quer no vaso de flor,
Quer no quadro empoeirado à frente da mesa de jantar,
Encontrarás algum vestígio de teu rosto,
(Impregnado de memórias).
Se lá nada houver, é que já não mais pertences a tal lugar,
Nem tal lugar te pertences igualmente,
Há muito tempo...

Atos Privados

Alguns atos privados são tão importantes em nossas vidas, que talvez sejam eles o únicos responsáveis por não enlouquecermos perante o caos e a luz difusa do cotidiano.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Unicidade

A mim, que tive tantas faces
O espelho foi como um filtro;
Despindo-me das máscaras
E das ilusões deveras inumanas.
Os sonhos não se foram,
(Como os grãos de areia do deserto).
Porém, as máscaras,
(Minhas diversas faces),
Caíram-se todas,
(Tal qual o desabar do anjos do céu à Terra),
Tonando-me um ser desavergonhado;
Arredio e manso;
Um ser Uno em sua magnitude...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Celebrações

Minha vida não foi propriamente uma festa.
Embora certas vezes minha alma fosse carnaval,
Noutras, Ramadã.
O importante de tudo é que nunca o coração deixou de bater.
E a vida, sempre abundante, revelou-se nesses instantes:
De riso e de choro.
Hoje, alguns carnavais mais velho,
Alguns Ramadãs mais novo,
Relembro o quanto foi importante festejar, jejuar, refletir...
É essencial viver todos os dias!,
Sem que passe um sequer em que apenas existamos.