sábado, 6 de dezembro de 2014

Ser Errante

Eu
sigo coletando
os cacos que restaram
à beira da estrada
e volta e meia
flores que nascem
à beira
no calor do asfalto

Sigo
colecionando obras
incompletas
de bêbados atordoados
e poemas
de autores
desconhecidos

Vago
por caminhos obscuros
à sombra dos moribundos
e dos marginais
que nada temem
que observam
e vigiam a noite
com atenção
como eu

Sigo
sem rumo
fragmento do não acabado
sem saber por onde
e porque vou
assim como tantos
com o caminho
a certeza única
de um ser errante

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O silêncio

O silêncio tem essa faceta:
a de conter a fala.
Porque no fundo,
nada (verdadeiramente) cala.
Mesmo os mares mais mansos
tem esse ímpeto de revelar-se em meio ao nada.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Além da questão

O que é que a gente
precisa
saber
precisa
mente
ter
pro fruto
amadurecer?

Qual é a dívida
real
de
vida
que a gente
tem
de pagar
em real
ou
vintém?

E o que é que a gente faz
quando não
faz
ou
quando não
foi
capaz?

E quando a chega a vez
e a gente não fez
ou
não quis
ou
tanto fez?