sábado, 17 de março de 2012

Não Vou Chorar

Não vou chorar as misérias do homem moderno.
Nem lamentar a ocorrência dos momentos infelizes de sua história.
Quero, num passo longo adiantar-me à vida dos homens,
Pois o homem de hoje é o homem de ontem.
[Nem o de ontem foi talhado à guerra,
tampouco o de hoje à solidão, ao isolamento]
Mas não. Não vou chorar a triste história de todos os homens.
Quero guardar as lágrimas para os momentos raros do mundo.
Para a cenas extraordinárias da natureza.
Para cada vida insurgente.
Para cada nova esperança brotando do cio da terra.
Não. Não vou chorar as catástrofes globais.
As grandes tormentas, os furações, as crises econômicas.
Quero lacrimejar as noites mal dormidas dos homens de bem.
Dos trabalhadores da boa ventura.
Entregar minhas lágrimas todas ao amanhã do progresso.
Mas não. Não vou chorar os avanços da tecnologia.
O progresso das ciências.
Guardarei o choro para a noite do grande sonho.
Para a alvorada das transformações.
Guardarei um lenço macio no bolso blusa.
Para usá-lo num dia que talvez nunca chegue.

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