domingo, 31 de julho de 2011

Alberto Caieiro

A poesia de Fernando Pessoa me cativa de maneira especial. A de Alberto Caieiro (heterônimo de Pessoa) em especial é de encanto duradouro na alma, posto que tudo nela remete a simplicidade. Caieiro é um obreiro da vida, um pastor de ovelhas, um guardador de rebanhos que vê na riqueza da alma a maior e mais fundamental de todas existentes no mundo concreto.
Eu, como nas palavras do próprio Pessoa, desejava ter conhecido antes a Alberto Caieiro; quem me dera muito antes.


O Guardador de Rebanhos - poema VII


"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de
                                                                                     [todo céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
                                                                           [nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver."

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